A paixão por paredes parece ser ancestral, por isso venho pensando sobre o assunto e escrevendo sobre isso desde outubro do ano passado. Só demorei bastante para expressar tanto no blog quanto na parede propriamente dita (tenho meu tempo de gestação de coisas/idéias/expressão). Mas o que penso é o seguinte:
Possuímos um impulso expressivo primordial, um anseio humano ancestral de lançar imagens à parede, de lançar linguagem à parede. Conforme a sistemática filogenética, a classificação de espécie é efetuada pelas diferenças, pelas inovações evolutivas que agrupam determinados seres; pelo conjunto evolutivo de novidades compartilhadas que definem um grupo.
O que distingue ancestralmente os hominídeos dos primatas é a necessidade de registrar e classificar experiências; esta seria a novidade evolutiva que caracterizou a nova espécie. O caracter derivado que define a espécie hominídeo.
A parede das cavernas foi utilizada nos primórdios da humanidade em pinturas rupestres que registravam o cotidiano humano. Ainda hoje temos esta necessidade de registrar nosso cotidiano e a parede ainda nos traz um chamamento antigo. Em algum lugar de nosso inconsciente ainda ansiamos por riscar as paredes e muros tão presentes em nosso meio urbano.
Quem não tem em sua memória afetiva a vontade de criança, realizada ou não, de riscar/pintar uma parede?