sexta-feira, 22 de julho de 2011

Os insetos interiores

Notas de um observador:
existem milhões de insetos almáticos. Alguns rastejam, outros poucos correm... A maioria prefere não se mexer. Grandes e pequenos, redondos e triangulares, de qualquer forma: são todos quadrados. Ovários oriundos de variadas raízes, radicais, ramificações da célula rainha! Desprovidos de asas não voam nem nada(m); possuem vida, mas não sabem. Duvidam do corpo. Queimam seus filmes e suas floras; para eles: tudo é capaz de ser impossível. Alimentam-se de nós... Nossa paz e ciência. Regurgitam assuntos e sintomas, avoam e bebericam sobre as fezes, descansam sobre a carniça... Repousam-se no lodo. Lactobacilos vomitados sonhando ser espermatozóides que não são. Assim são: os insetos interiores. A futilidade encarrega-se de maestrá-los. São inóspitos. Nocivos. Poluentes. Abusam da própria miséria intelectual, das mazelas vizinhas, do câncer e da raiva alheia. O veneno se refugia no espelho do armário. Antes do sono: o beijo de boa noite. Antes da insônia: a benção. Arriscam a partilha do tecido que nunca se dissipa: a família. São soníferos... Chagas sem curas. Não reproduzem, são inférteis, infiéis, infertebrados. Arrancam as cabeças de suas fêmeas; cortam os troncos; urinam nos rios; e na soma dos desagravos, greves e desapegos, esquecem-se de si. Pontuam-se. A cria que se crie! A dona que se dane! Os insetos interiores proliferam-se assim... na morte e na merda.
Seus sintomas?
Um calor gélido e ansiado na boca do estômago, a sensação de...? O que é mesmo que se passa? Um certo estado de humilhação conformado parece bem vindo e quisto. É mais fácil aturar a tristeza generalizada que romper com as correntes de preguiça e mal dizer. Silenciam-se no holocausto da subserviência. O organismo não se anima mais. E assim, animais ou menos assim... Descompromissados com o próprio rumo, desprovidos de caráter e coragem, desatentos ao próprio tesouro... Caem. Desacordam todos os dias. Não mensuram suas perdas e imposturas! Não almejam. Não alma. Já não mais amor.
Assim são: os insetos interiores.

"Fernando Anitelli"              
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sexta-feira, 15 de julho de 2011

Ninguém conhece que alma tem! Que ânsia distante , perto, chora?
O teu silêncio? Recolhe-o e guarda-o, partido a um canto.
Minha idéia de ti é de um cadáver que o mar traz a praia e no entanto, tu és tela irreal onde erro em cor a minha arte.
Abram-se todas as portas e que o vento varra a idéia que temos!
Chove?
Nenhuma chuva cai... então onde é que eu sinto o dia em que o ruído da chuva atrai a minha inútil agonia?
Onde chove? Onde é que é triste?
Eu quero sorrir-te e não posso, é o escuro ruído da chuva, constante em meu pensamento, na minha alma que sempre chove.
Há sempre escuro dentro de mim, alguém dentro de mim ouve a chuva como voz de fim.
Quando eu serei da tua cor?
Hoje eu sou saudade, eu próprio sou aquilo que perdi, caiu chuva em passados que eu fui.
Que importa o tédio de dentro de mim?
Eu sinto  a minha vida presa por uma corda que me guia!
Pode ser tu, sendo eu.

"Éverson Silva"

sexta-feira, 8 de julho de 2011

Ser...

Lindas fadas negras e peludas gritam e provocam os ventos,
olho do furacão que tudo vê, arrasta
com fúria loca a louca multidão...
E o prazer é imenso...
Pra ser intenso...
Denso prazer...
Tenso...
Ser !      

 "Henri Iunes"