quinta-feira, 15 de agosto de 2019

50 anos de Woodstock

15 de agosto de 1969 começava o festival de Woodstock, foram 3 dias de flower power, música e amor livre, de 15 a 18 de agosto. Eu nasci um ano depois, em agosto de 1970 (dia 29). Como amo rock, hippies, festivais e feiras resolvi registrar aqui. Mas principalmente porque minha tia e madrinha, Ana Janete Tessari, foi minha inspiração desde criança para ser uma mulher livre, leve e solta, como ela era. Eu amava quando criança ficar olhando ela se arrumar pra sair, e outras tias e amigas delas também. É dela meu gosto por roupas e estilo hippie, brincos grandes e flor no cabelo, tiaras e batas bordadas, botas de todo tipo. Eu herdei dela uma bata branca toda bordada e dois vestidos hiper curtos que infelizmente não tenho mais, e que ela usava muito. Lembro dela de chapéu, botas de cano longo e vestido muito curto, ou de pantalona colorida psicodélica. Ainda tenho uma pantalona daquelas, relíquia.
Lembro também das fotos dela de biquíni nas dunas de Morro dos Conventos SC, tiradas por seu namorado na época e futuro marido Nicolau Bacha, super ousadas para a época e para uma família tradicional italiana como a nossa ao sul do Brasil. Orgulho meu. Eles foram casados e felizes até ele falecer, tiveram 3 filhos. Mais tarde ela voltou a ter um relacionamento sério com o Juarez Pavan, ambos faleceram em 2011 em um acidente de carro.
Ela amava dançar e ir a festas, namorar, assim como eu.
Ela tinha fotos de revistas da época com o festival que gradava/mostrava como relíquias, dizia: eu queria ter estado lá...
Não tenho nenhuma foto digitalizada deles, nem fotos da época para colocar aqui, ficaram com os filhos.
Mas escolhi fotos de algumas mulheres no festival que pra mim dizem muito do espírito dela.
Amor, amor, amor Madrinha Janete, e saudades também. Algum dia nos veremos de novo e poderei matar um pouco da saudade num abraço. Tenho certeza disso.





segunda-feira, 14 de janeiro de 2019

Por Todas Elas 9

"Preces de Gratidão pelas Velhas Perigosas e suas Filhas Sábias e Indomáveis que Alegram a Nossa Vida."
De: Clarissa Pinkola Estés - 9 -

Por todas as filhas e velhas que, não obstante difamações culturais que digam o contrário, não obstante mágoas, decisões equivocadas, fracassos totais... são prova viva de que a alma ainda volta à vida, ainda vive, e de modo vibrante... por todas as filhas e velhas que, apesar de todas as fraquezas, apesar de toda lenga-lenga do ego que indicaria o oposto, há muito tempo têm certeza, ou acabam de ter um vislumbre, de que nasceram com a sabedoria no corpo e na alma, e que essa sabedoria é tanto sua herança dourada como seu estopim dourado. Por todas as filhas e mais velhas que estão criando as referências que mais importam: prova de que uma mulher é como uma árvore gigantesca que, por sua capacidade de se mover em vez de permanecer imóvel, pode sobreviver às piores tempestades e perigos; e ainda estar de pé depois; ainda descobrir seu jeito de voltar a balançar, ainda continuar a dança. Por todas as filhas que ainda estão em formação, quer tenham acabado de começar, quer já tenham avançado no caminho, para se tornarem 'ordinariamente majestosas' e tão sábias, indomáveis e perigosas quanto forem convocadas a ser - o que é muito. Muito. Muito.
Por elas... por todas nós, Grande Avó e Grande Avô, Grande Neto e Grande Neta, da mesma forma... Que todos nós nos aprofundemos e vicejemos, que criemos a partir das cinzas, que protejamos aquelas artes, ideias e esperanças que não podemos permitir que desapareçam da face desta Terra. Por tudo isso, que vivamos muito, e nos amemos uns aos outros, jovens enquanto velhas, e velhas enquanto jovens para todo o sempre. Amém."

domingo, 13 de janeiro de 2019

Por Todas Elas 8

"Preces de Gratidão pelas Velhas Perigosas e suas Filhas Sábias e Indomáveis que Alegram a Nossa Vida."
De: Clarissa Pinkola Estés - 8 -

"E por todas as filhas e velhas que apoiam o que é bom e afastam a obediência cega a qualquer supercultura que premie somente a forma nivelada e deprecie o pensamento... por todas as filhas e velhas que estão se tornando escaladoras cada vez mais astutas de montanhas místicas e que por vezes percorrem caminhos acidentados... por aquelas que cada vez mais põem alma no que dizem, e pelos animais, águas, terras e céus... pelas que mantêm caldeirões cada vez mais fundos, que são a lente que amplia a luz do farol, que se erguem como terra firme, onde antes não havia terra... por aquelas que estão inflamadas com o desejo de ensinar e de aprender, pelas que estão apenas descansando para poder se levantar com prazer mais uma vez... por essas flores noturnas cuja fragrância tem um efeito profundo e prolongado, muito embora os botões estejam ocultos... por todas as filhas e velhas que mantêm as mãos não só no berço, mas também na roda do leme do mundo ao seu alcance... por aquelas que abandonaram algo essencial e gerador de vida, e voltaram para recuperá-lo... por aquelas que destruíram algo e pediram perdão com humildade em nome do amor... por aquelas que deixaram algo por fazer, se esqueceram, sem captar sua importância - mas voltaram, reconstruíram, amenizaram, deram 'a benção' na medida da sua capacidade... por todas as filhas e velhas que assumiram o papel de culpadas e deram tudo de si para reparar danos causados por outros... pelas filhas e velhas que sempre se interessam mais em ser amorosas do que em estar com a 'razão'...
Por elas... que se deem conta de como sua vida é preciosa, de como, apesar de quaisquer imperfeições, elas são exatamente os baluartes, as pedras de toque, as notas fundamentais, os paradigmas necessários."

sábado, 12 de janeiro de 2019

Por Elas 7

"Preces de Gratidão pelas Velhas Perigosas e suas Filhas Sábias e Indomáveis que Alegram a Nossa Vida."
De: Clarissa Pinkola Estés - 7 -

"Por todas as filhas inteligentes, desconhecedoras, sem rumo e pelas que tudo sabem... pelas filhas que estão avançando direto ou que prosseguem aos trancos... pelas que estão aprendendo a gargalhar... por todas elas, não importa se estão saudáveis, curadas ou não, não importa de que classe, clã, oceano ou estrela... por todas as filhas que herdaram amor em abundância de antepassadas queridas que já se foram, mas que mesmo assim ainda fazem visitas... por todas as filhas que um dia ouviram por acaso o conselho de uma sábia destinado a outros ouvidos, mas essas 'palavras certas na hora certa' causaram uma centelha que iluminou seu mundo daquele momento em diante para sempre... por todas as filhas que ouviram a sabedoria, não a entenderam, mas a guardaram para o dia em que conseguissem compreender... pelas filhas que remam sozinhas e cujas antepassadas escolhidas foram por necessidade encontradas em livros queridos, em imagens norteadoras captadas no cinema, na pintura, na escultura, na música e na dança... pelas filhas que absorvem o bom senso e as atitudes necessárias trazidas por espíritos de sabedoria, ásperos e evanescentes que aparecem em sonhos noturnos... pelas filhas que estão aprendendo a escutar a velha sábia da psique, aquela estranha sensação interior de nítida percepção, de audição, noção e ação intuitivas... pelas filhas que sabem que essa fonte de sabedoria interior é como a panela de mingau dos contos de fadas que, por mágica, nunca se esvazia por mais que se derrame seu conteúdo...
Por elas... abençoadas sejam suas belezas, tristezas e buscas; que sempre se lembrem de que perguntas ficam sem resposta, até que sejam consultados os dois modos de enxergar: o linear e o interior."

sexta-feira, 11 de janeiro de 2019

Por Todas Elas 6

"Preces de Gratidão pelas Velhas Perigosas e suas Filhas Sábias e Indomáveis que Alegram a Nossa Vida."
De: Clarissa Pinkola Estés - 6 -

"E pelas filhas queridas... por aquelas que estão aprendendo a ser sãs e sábias de novo - ou sãs e sábias pela primeira vez na vida... E assim, por todas as grandes mulheres mais velhas que percebem que não podem existir sem as jovens com quem meditar, a quem ensinar, de quem aprender, em quem encontrar humor e para quem encontrar potencial, na direção de quem se inclinar, em quem se derramar... e, do mesmo modo, por todas as mais jovens que perceberem que lhes restaria uma vida menos favorável sem a essência de uma velhinha mais sábia e quixotesca, com quem meditar, a quem ensinar, com quem aprender, em quem encontrar humor e para quem encontrar potencial, na direção de quem se inclinar, em quem se derramar. E assim, por todas as filhas jovens, de meia-idade e mais velhas que ainda hão de vir à lareira das avós pela primeira vez, muitas vezes ou pela última vez... por todas as grandes filhas e grandes velhas que manterão aceso o fogo desses relacionamentos sucessivos, por meio de cartas e livros, ensinamentos e reuniões, ditados e chamadas de atenção, viagens com capas e plumas no chapéu, bem como com a simples vizinhança... a todas as belas mulheres, jovens, velhas e no meio do caminho, que se procuram, que trabalham em busca de ser mãe-irmã-filha umas para as outras, que estão se dando conta de que são 'El refugio', um verdadeiro refúgio umas para as outras... por aquelas que percebem que estão juntas para que a menos experiente e a mais experiente possam um dia encontrar seu lar... o lar: aquele lugar da alma habitado com maior persistência à medida que a mulher acumula em torno de si seus anos de sabedoria... o lar: qualquer lugar onde haja necessidade do Amor, abrigo para o Amor, enaltecimento do Amor...
Por elas... por todos os corações peregrinos... que sempre possam se encontrar e não passar sem se ver, mas que permaneçam perto umas das outras e que se fortaleçam, e com isso fortaleçam os perímetros e portais do mundo da alma confiados à sua guarda.

quinta-feira, 10 de janeiro de 2019

Por todas Elas 5

"Preces de Gratidão pelas Velhas Perigosas e suas Filhas Sábias e Indomáveis que Alegram a Nossa Vida."
De: Clarissa Pinkola Estés - 5 -
"Por todas as inteligentes e corajosas, 'Las sympaticas, as Gran meres e Mãezonas e Tantes especiales'... por todas as robustas 'Bon Mamas' e humildes 'Mujeres Grandes' que se casaram com o próprio Amor e deram à luz cinco filhos insubmissos chamados Paz, Esperança, Sagacidade, Interferência e Impetuosidade... por aquelas reverenciadas que derramaram dentro de nós vinte, trinta, quarenta, cinquenta, sessenta, setenta e oitenta anos de vida, que derramaram um rio de conselhos, advertências, que enfiaram no nosso bolso mapas de tesouro dobrados para levarmos ao entrar na selva... pelas que nos desafiaram, nos instigaram, cutucaram e empurraram... as ações exatas para nos fazer crescer na direção dos caminhos exatos para que pudéssemos cultivar mais nossa alma... por seus afagos carinhosos, seus olhares ternos, seus estranhos jeitos de nos incentivar a inovar e ter tanta coragem quanto elas... por seus murmúrios no nosso ouvido: não tenha medo, estou com você, não desanime, siga em frente, brilhe agora, abaixe-se agora, e não, assim não vai funcionar, e sim, desse jeito, sim, desse jeito... por suas piadas secretas e seu gosto malicioso; por comportamentos revoltantes e qualidades enternecedoras, por estipularem limites, manterem limites, transgredirem limites; e por apagarem limites rígidos demais e ajustarem limites muito frouxos. Por essas grandes velhas, 'Les dames', algumas veneravelmente maduras na idade, algumas velhas no tempo da alma, mas decerto sábias, que atuam como o Norte Verdadeiro para outras - pelo simples fato de existirem...
Por elas... que sempre sejam mantidas em segurança, alimentadas por muitas fontes, que sempre recebam demonstrações de amor e gratidão, que mantenham sua alma vicejante a céu aberto para que todos vejam."

quarta-feira, 9 de janeiro de 2019

Por Elas 4



"Preces de Gratidão pelas Velhas Perigosas e suas Filhas Sábias e Indomáveis que Alegram a Nossa Vida."
De: Clarissa Pinkola Estés - 4 -
"Por todas as tias perspicazes e todas aquelas que se postam como avós guardiãs para qualquer alma necessitada... por aquelas que acolhem filhas e filhos, de sangue ou não, com a mesma facilidade e compatibilidade com que as flores acolhem as abelhas... pelas 'khaleh', "as queridas", ou seja, qualquer mulher mais velha que seja amada por uma mais jovem... (cinco segundos mais jovem ou mil anos mais velha, não importa). Por todas as idosas que estão tecendo uma vida vigorosa, preenchendo a trama com no mínimo um fio de ousadia, dois fios de impetuosidade e três de sabedoria... por 'las ancianas' que, 'com veemência', perdoam, desembaraçam, fazem expansões inspiradas, desvios, recuos e consertos na vida e nos seus relacionamentos... para que almas menos experientes vejam e aprendam a fazer o mesmo, e sem constrangimento. Por todas as mulheres das raízes, as 'Litas' de preto, todas as velhinhas das igrejas com suas coroas fabulosas, todas as que usam henna e saris para cobrir a cabeça na presença dos mais velhos e do sagrado, as que usam a 'mantilla' e carregam o rosário, todas as que usam túnicas nos tons do açafrão e do marrom avermelhado, por todas as que usam o darma como seu traje principal para todas as ocasiões... por aquelas que usam o antiquíssimo 'hijab' e as que puxam o sagrado 'talit' franjado por sobre a cabeça para estar mais uma vez na tenda da antiga 'Sarai'; por aquelas que usam o solidéu feito de contas, e pelas que usam o arco-íris e chuvas de estrelas na cabeça e arrumam o cabelo no formato de flores de abóbora... por todas aquelas em montes sagrados e em cachoeiras, em florestas e em templos feitos de terra e lama... todas aquelas na 'igreja por baixo da igreja'... e todas as idosas ainda capazes de visitar a diminuta catedral rubra do coração... por todas essas mulheres das raízes que imploram por paz, amor e compreensão, e que agradecem e louvam com tanto fervor - que flores brancas praticamente se abram acima de sua cabeça quando estão rezando...
Por elas... que continuem sempre a nos ensinar a amar este mundo e todos os seres que nele estão... das formas que mais importem para a Alma."